Hoje quando enchi meu chimarrão, fui direto para sei lá quantos anos atrás quando, nos domingos de inverno, acordava e ficava na cama escutando os barulhos da casa. A água enchendo a cuia e o brotar da espuma do mate, o abrir estridente da porta do fogão e as lascas se acomodando junto as brasas seguidas da batida abafada da portinhola curtida pelo fogo, outro mate e as conversas do frio, do dia, da polenta sapecada, do pinhão assado e chamando a Bolinha que que não quer voltar do 'passeio-xixi' da manhã e as patinhas dela cheias de soberba batendo na lajota e indo se depositar no "seu" sofá ao lado do fogo.
Nesse exato momento pedi, em oração, que os meus filhos também possam escutar esses barulhos deitados na cama quentinha no domingo de manhã. E só pulem da cama - correndo - quando escutarem a porta abrindo. 'A vó e o vô!!!!' Gritarão contentes. E os cachorros farão festa! Depois chega Tia Cecilia, que festa! Vamos brincar tia?! Logo depois chega mais vó e mais vô e a Tia Adriana... e assim segue a peregrinação de domingo com primos e primas e tias e tios e vós e vôs... E corram em volta da churrasqueira onde se acomodam os homens tomando mate e bombeando a carne. E corram na cozinha onde se faz maionese e salada de tomate, onde corre o mate e as conversas das mulheres. E explorem o pátio onde os cachorros se rolam na grama e se adonam do sol. E brinquem de esconde-esconde, de pega-pega, de bola, de aulinha, de casinha.... E assim se faz infância, com expectativa e realizações, com risos e choros, com surpresas e descobertas... Que meus pequenos experimentem essas delícias como eu tive a chance de experimentar e se apoderem delas, pois elas são passageiras como todo o resto nessa vida... Amém.
